sábado, 28 de março de 2009

POESIA URBANA

I

nas grandes cidades
as indústrias fumam sem parar
trabalhamos sem parar
somente os carros param
nas ruas e avenidas
nossa liberdade foi vendida
não paramos de trabalhar
as favelas se reproduziram
porque as grandes cidades seduziram
os frustrados homens da terra
a miséria se transforma em guerra
nas grandes cidades

as prostitutas
disputam vaga nas calçadas
a miséria desfila nas calçadas
as praias seduzem além das calçadas
não há tempo nem para olhar
não paramos de trabalhar

II

as indústrias não param de fumar
os carros passam devagar
quase parando
trabalhamos sem parar

as horas passam
o coração dispara
os carros, devagar, quase param

o guarda apita
os carros param
as pessoas passam pra lá e pra cá
daqui para ali

buzinas tocam
canos de descarga fumam
pessoas gritam
xingam: blá-blá-blá ti-ti-ti

as grandes cidades não param
não há tempo nem pra sonhar
trabalhamos sem parar